TEIMOSIA.

Sou teimosa. Mas não é uma teimosia altiva, ignorante ou estapafúrdia.

Se me contrariam irracionalmente, me confrontam com absurdos e me tentam deter com noções incoerentes, sou bem capaz de barafustar, de bramir, de berrar, de bramar, e outros vocábulos iniciados pela letra “b”.
Não me deixo ficar, não me deixo apagar, não perco a razão quando estou segura de que a possuo.

 
Também não discuto no despautério de enxovalhar quem quer que seja, nem por mero passatempo. Não me dá prazer contrariar e aborrecer os outros. Estes simplesmente me aborreceram a mim primeiro.
Da mesma maneira que se ocasionalmente me disserem algo disparatado ou cujo carácter erróneo me seja evidente, não desato a saltar, a estremunhar, a pinchar, ou a agredir quem a mim se dirigiu!

 
Paciência, paciente; tolerância, tolerante; condescendência, condescendente; humanidade; humana. Não me são substantivos, adjectivos obscuros! Aliás, penso carregá-los sempre comigo.
Mas é difícil quando não possuem o mesmo espécime de teimosia que eu. Sou bem capaz de dar o braço a torcer e de não ficar isenta de absolvição, mas há quem não seja!

 
Enquanto nutrir sentimentos por quem me rodeia, ouvirão sempre uma refutação ou resposta. Enquanto viver de emoções e impulsos, haverá sempre contestação. Quando a infelicidade e a apatia que governa este covil me aniquilar ou me desiludirem até à indiferença, aí afastar-se-á e desaparecerá a voz que agora ressoa.


Se discuto, é porque amo! Se desvio e aterro com frieza, é porque me afasto!

“Vais ter que engolir muitos sapos ao longo da vida” – talvez, mas aí deixarei de ser eu.